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MPF alerta para risco de genocídio indígena — entenda o que comer carne tem a ver com isso

O Ministério Público Federal (MPF) enviou um alerta para a Fundação Nacional do Índio (Funai) alertando para o risco de invasão da Terra Indígena Karipuna e de um genocídio dos povos em Rondônia. Os principais suspeitos? Madeireiras e pecuaristas.

O cacique Adriano Karipuna relatou à Folha de São Paulo que todas as noites saem da Terra Indígena cerca de 10 caminhões carregados de madeira. Ele tem recebido ameaças de morte pelo telefone e teme um massacre. Imagens obtidas pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) confirmam que, apenas em 2017 e nessa Terra Indígena, foram identificados 88 focos de desmatamento — um total assustador de mil hectares de derrubada ilegal.

Depois da retirada da madeira, a estratégia dos pecuaristas para manter a ocupação (ilegal, diga-se) das terras é transformá-las em pastagem para o gado. O MPF ressalta que esse processo de loteamento tem se intensificado desde 2016.

Segundo a ONU, entre 2005 e 2015, a produção de gado foi responsável por 80% do desmatamento da Amazônia. O Banco Mundial, por sua vez, estima que o número chegue a chocantes 91%!

Na Amazônia, invasões de terras demarcadas

Os direitos dos indígenas à autodeterminação e à preservação de suas terras e culturas são garantidos pela Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, da qual o Brasil é signatário, e também são garantidos pela Constituição Federal. No entanto, os pecuaristas têm feito fortes investidas contra a demarcação de novas terras e também desrespeitado as áreas já demarcadas.

Um exemplo disso é que uma das empresárias que estava na lista de condução coercitiva da Operação Carne Fraca possui também uma fazenda de quase 6 mil hectares em terras Xavante e Wedezé, no Mato Grosso. Ela é proprietária do frigorífico Frigomax, em Arapongas (PR), que foi alvo de busca e apreensão.

Em Brasília, pecuaristas agem por baixo dos panos

O conflito fundiário vai além dos rincões do Brasil e dá as caras, sobretudo, em Brasília, onde a bancada ruralista faz lobby para conseguir vantagens às custas das demarcações. Um levantamento do De Olho nos Ruralistas mostra que pelo menos 25 Projetos de Lei que configuram ameaças aos direitos dos povos indígenas e quilombolas tramitam no Congresso.

Foram apresentados projetos para, por exemplo, transferir para o próprio Congresso a atribuição de demarcar as Terras Indígenas e Unidades de Conservação (atualmente a atribuição é do Ministério da Justiça), para autorizar a troca de terras tradicionais por outras de mesmo tamanho e — pasmem — para desocupar terras homologadas após pagamento de valores ou benfeitorias.

Vale lembrar que os pecuaristas e produtores de carne têm relações "estreitas" (e nada ortodoxas) com o legislativo. O dono da gigante da carne JBS, Wesley Batista, por exemplo, foi preso por pagar suborno a cerca de 2 mil políticos, incluindo o presidente Michel Temer. A JBS foi, também, a maior doadora para a campanha de Osmar Serraglio, atual presidente da Funai. Seria apenas coincidência se projetos de lei e emendas constitucionais como esses sejam aprovados, mesmo que absolutamente não representem o interesse público, o interesse das comunidades tradicionais e a preservação do meio ambiente?

É urgente que a indústria da carne seja desmantelada: para o bem do meio ambiente, da nossa saúde, dos animais e, claro, das comunidades tradicionais, que não podem mais ser ameaçadas pelos interesses fundiários de pecuaristas que querem transformar floresta em pasto.

Fonte: EscolhaVeg

#genocídioindígena

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